Para onde vou levo um copo de vidro comigo Nele tomo todos os licores Todas as saudades mistérios tristezas E sabores Não é copo americano Desses em que se toma cerveja nos bares É copo fino, cheio de requintes e caprichos - Quando estou triste ele transborda… Por isso tenho que esquecer, esvaziá-lo Para compartilhar minha felicidade com os outros Guardo em meu copo o vento das saudades Dos amigos que se foram Das casas em que morei Das ruas por onde passei (Como aquela viela que tinha uma placa com o nome do senhor Valmir de Sousa Andrade, o morador mais antigo do bairro…) Os domingos e os olhares das mulheres que admirei secretamente Em meu copo o mais recente ato de amor se fez: Para que eu nunca deixe de sonhar a brisa que vem de lá de fora Que vem para dentro do copo penetra e é outra Lembra-me todas as manhas que nunca devo desistir de sonhar Que não devo juntar os cacos quando ele cair e se quebrar.