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Mostrando postagens de julho, 2017

O copo

Para onde vou levo um copo de vidro comigo Nele tomo todos os licores Todas as saudades mistérios tristezas E sabores Não é copo americano Desses em que se toma cerveja nos bares É copo fino, cheio de requintes e caprichos - Quando estou triste ele transborda… Por isso tenho que esquecer, esvaziá-lo Para compartilhar minha felicidade com os outros Guardo em meu copo o vento das saudades Dos amigos que se foram Das casas em que morei Das ruas por onde passei (Como aquela viela que tinha uma placa com o nome do senhor Valmir de Sousa Andrade, o morador mais antigo do bairro…) Os domingos e os olhares das mulheres que admirei secretamente Em meu copo o mais recente ato de amor se fez: Para que eu nunca deixe de sonhar a brisa que vem de lá de fora Que vem para dentro do copo penetra e é outra Lembra-me todas as manhas que nunca devo desistir de sonhar Que não devo juntar os cacos quando ele cair e se quebrar.

Poesia marginal

Fui agarrado pelos braços Beijado na boca Fundido no sexo Eclipsado no luar Arrastado pelo colarinho Acariciado na face Estendido na rede Jogado na lama Embebedado Amaldiçoado Cingido com seu balsamo Acreditado desacreditado Rolado pela rua Na sarjeta esquecido Desgraçadamente sorrindo Inutilmente chorando Fatalmente apaixonado Morto pela mesma mão que escreve Apunhalado pela faca que mata Sugado nas noites Inspirado por seu maldito suspiro Ensurdecido por seu grito Abjurei as religiões Reneguei a política Tornei-me louco Tornei-me bandido Saltando obstáculos Equilibrei-me na corda invisível Amei mulheres vis Por elas fui deixado Por elas fui maltratado Assim dessa forma Não tenho que reclamar Minha poesia Nem minha forma de pensar Hoje aprendo com os passarinhos E peço obrigado as flores Que me deixam observá-las Sem cobrar nada por isso Agora tento acordar cedo Na hora em que se inicia o dia Casando-se com a noite Mora o segredo Em que se e