Pular para o conteúdo principal

Poesia marginal

Fui agarrado pelos braços
Beijado na boca
Fundido no sexo
Eclipsado no luar
Arrastado pelo colarinho
Acariciado na face
Estendido na rede
Jogado na lama
Embebedado
Amaldiçoado
Cingido com seu balsamo
Acreditado
desacreditado
Rolado pela rua
Na sarjeta esquecido
Desgraçadamente sorrindo
Inutilmente chorando
Fatalmente apaixonado
Morto pela mesma mão que escreve
Apunhalado pela faca que mata
Sugado nas noites
Inspirado por seu maldito suspiro
Ensurdecido por seu grito
Abjurei as religiões
Reneguei a política
Tornei-me louco
Tornei-me bandido
Saltando obstáculos
Equilibrei-me na corda invisível
Amei mulheres vis
Por elas fui deixado
Por elas fui maltratado
Assim dessa forma
Não tenho que reclamar
Minha poesia
Nem minha forma de pensar
Hoje aprendo com os passarinhos
E peço obrigado as flores
Que me deixam observá-las
Sem cobrar nada por isso
Agora tento acordar cedo
Na hora em que se inicia o dia
Casando-se com a noite
Mora o segredo
Em que se encontra a poesia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O copo

Para onde vou levo um copo de vidro comigo Nele tomo todos os licores Todas as saudades mistérios tristezas E sabores Não é copo americano Desses em que se toma cerveja nos bares É copo fino, cheio de requintes e caprichos - Quando estou triste ele transborda… Por isso tenho que esquecer, esvaziá-lo Para compartilhar minha felicidade com os outros Guardo em meu copo o vento das saudades Dos amigos que se foram Das casas em que morei Das ruas por onde passei (Como aquela viela que tinha uma placa com o nome do senhor Valmir de Sousa Andrade, o morador mais antigo do bairro…) Os domingos e os olhares das mulheres que admirei secretamente Em meu copo o mais recente ato de amor se fez: Para que eu nunca deixe de sonhar a brisa que vem de lá de fora Que vem para dentro do copo penetra e é outra Lembra-me todas as manhas que nunca devo desistir de sonhar Que não devo juntar os cacos quando ele cair e se quebrar.